Davos 2025: Principais Tendências para o Mercado de Carbono e Sustentabilidade
O encontro anual do World Economic Forum (WEF) em Davos, realizado em janeiro de 2025, colocou a pauta climática e de sustentabilidade no centro das discussões. Após um ano de eventos extremos e recordes de temperatura (2024 foi o ano mais quente já registrado WEFORUM.ORG ), líderes governamentais, empresariais e investidores chegaram a Davos cientes da urgência de ações concretas. Nesta newsletter, destacamos os compromissos firmados e investimentos anunciados no fórum, as novas políticas climáticas debatidas e os impactos esperados no setor de créditos de carbono – incluindo os setores mais afetados e as oportunidades emergentes para empresas.
2/4/20259 min ler


Compromissos e investimentos climáticos em Davos 2025
Várias iniciativas importantes foram anunciadas em Davos 2025, sinalizando avanços significativos em financiamentos e parcerias para a agenda de carbono. Um dos destaques foi a iniciativa "Corrida para Belém", lançada por investidores de mercado de carbono com apoio da trading suíça Mercuria, visando levantar US$ 1,5 bilhão para proteger a Amazônia por meio de créditos de carbono jurisdicionais (JREDD+) (Carbon markets investor kicks off $1.5 billion Amazon protection plan in Davos | Reuters). Esse programa trabalhará com governos estaduais, agricultores e comunidades locais, emitindo créditos robustos de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação florestal em área vasta – um esforço que os organizadores esperam expandir além da meta inicial de US$ 1,5 bi (Carbon markets investor kicks off $1.5 billion Amazon protection plan in Davos | Reuters). Trata-se de um exemplo concreto de como o setor privado está intensificando investimentos para conter a perda florestal e gerar créditos de carbono de alta integridade.
Além disso, coalizões empresariais globais reforçaram suas metas de descarbonização. Por exemplo, a First Movers Coalition – parceria entre governos e grandes corporações – ampliou seu alcance incluindo novos membros e focando em tecnologias para remover e reduzir carbono em setores de difícil abatimento (aviação, aço, cimento, etc.) (World leaders commit to investing in critical carbon dioxide removal – Clean Air Task Force). Seus participantes se comprometeram a direcionar US$ 600 milhões em investimentos até 2030 em soluções de remoção de CO₂ (World leaders commit to investing in critical carbon dioxide removal – Clean Air Task Force), demonstrando o apetite da iniciativa privada em financiar tecnologias de captura e armazenamento de carbono. Na esfera governamental, vários países aproveitaram Davos para anunciar planos climáticos mais ambiciosos ou iniciativas regionais. A República Democrática do Congo, por exemplo, divulgou a criação do maior corredor ecológico tropical do mundo, protegendo 540 mil km² de florestas – uma área do tamanho da França – que atualmente sequestra 1,5 bilhão de toneladas de CO₂ por ano (Nature and climate at Davos 2025: Key takeaways | World Economic Forum) (Nature and climate at Davos 2025: Key takeaways | World Economic Forum). Já a Tailândia anunciou políticas para expandir a produção de alimentos sustentáveis (como o arroz de baixo metano) com apoio a agricultores e indústria, visando reduzir emissões no agronegócio (Nature and climate at Davos 2025: Key takeaways | World Economic Forum).
Esses compromissos sinalizam expectativas de crescimento acelerado no mercado de créditos de carbono. Estimativas indicam que os negócios globais de carbono podem movimentar mais de US$ 300 bilhões até 2050, sendo cerca de US$ 50 bilhões já nos próximos 5 anos (Mercado de crédito de carbono tem potencial de movimentar US$ 2 bi no Brasil na próxima década, diz Equus - Revista RPAnews). Os anúncios em Davos reforçam essa tendência: grandes volumes de recursos estão sendo direcionados a projetos sustentáveis, o que deve elevar a demanda e o valor dos créditos de carbono nos próximos anos. Empresas e investidores atentos veem a oportunidade de inserir capital em soluções climáticas e colher retornos tanto financeiros quanto reputacionais.
Políticas climáticas em debate e precificação de carbono
Os debates regulatórios em Davos 2025 destacaram que, para viabilizar as metas climáticas globais, será necessário fortalecer mecanismos de precificação do carbono e alinhar políticas públicas entre as nações. Uma preocupação latente foi com retrocessos em compromissos climáticos: o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, alertou em seu discurso que certas empresas e instituições financeiras que estão recuando de suas metas de emissões estão no “lado errado da história e da ciência” (Davos 2025: Speech by the United Nations' António Guterres | World Economic Forum). Guterres fez um apelo contundente para que todos os grandes emissores apresentem planos climáticos atualizados e alinhados a limitar o aquecimento a 1,5°C já em 2025, antes da COP30 em Belém (Davos 2025: Speech by the United Nations' António Guterres | World Economic Forum). Essa cobrança dá o tom das políticas futuras: há uma expectativa de que governos implementem metas mais rígidas de curto prazo e mecanismos de mercado para garanti-las.
Uma das políticas em evidência foi o Mecanismo de Ajuste de Carbono de Fronteira (CBAM) da União Europeia. Líderes brasileiros em Davos ressaltaram que, se o Brasil não tivesse sua própria precificação de carbono, exportadores nacionais poderiam sofrer prejuízos bilionários ao pagar taxas de carbono ao vender para a UE ( Câmara aprova projeto que regulamenta o mercado de carbono no Brasil; texto segue para sanção - Notícias - Portal da Câmara dos Deputados ). Esse exemplo catalisou discussões sobre integração de mercados: países em desenvolvimento veem vantagem em criar mercados de carbono domésticos para se manterem competitivos e evitar barreiras comerciais climáticas. Houve também destaque à cooperação internacional via Acordo de Paris (Artigo 6), ainda em desenvolvimento. Alguns painelistas alertaram que tensões geopolíticas e a falta de colaboração global podem atrasar a padronização de um mercado de carbono verdadeiramente global (Davos 2025: Impacts on the Voluntary Carbon Market ) – o que reforça a importância de foros como Davos para alinhamento de esforços multilaterais.
Outra tendência regulatória debatida foi a transparência em relação aos riscos climáticos e da natureza. Foi mencionada a recente criação do Taskforce on Nature-related Financial Disclosures (TNFD), que em Davos lançou novas diretrizes setoriais (Davos 2025: Impacts on the Voluntary Carbon Market ). A iniciativa TNFD complementa o já estabelecido TCFD (focado em riscos climáticos) e ajudará empresas a identificar e reportar riscos ligados à biodiversidade. Essa convergência de agendas indica que futuras políticas climáticas poderão incorporar não apenas o carbono, mas também impactos em ecossistemas, criando créditos ambientais integrados (clima + natureza). Reguladores e líderes presentes concordaram que regras claras e dados padronizados sobre sustentabilidade são cruciais para dar confiabilidade ao mercado de carbono e orientar investimentos consistentes em projetos verdes.
Setores em destaque: impactos e oportunidades para as empresas
As discussões em Davos evidenciaram quais setores da economia sentirão mais fortemente os efeitos das tendências de carbono e sustentabilidade – e, consequentemente, onde residem as maiores oportunidades para empresas inovadoras:
Energia e Indústrias de base: A transição energética foi tema central. Representantes do setor ressaltaram a necessidade de modernizar infraestruturas, expandir renováveis e até reconsiderar o papel da energia nuclear para garantir segurança energética com baixas emissões (Reflections from Davos 2025 - Center on Global Energy Policy at Columbia University SIPA | CGEP). Houve consenso de que redes elétricas inteligentes e armazenamento avançado são vitais para suportar a ampliação da energia limpa (Davos World Economic Forum 2025: Key climate takeaways - Sweep) (Davos World Economic Forum 2025: Key climate takeaways - Sweep). Indústrias intensivas em carbono (como aço, cimento, químicos) enfrentam crescentes pressões para descarbonizar suas cadeias produtivas – mas também veem oportunidade em liderar mercados de materiais verdes. Empresas nesses ramos estão investindo em hidrogênio verde, captura de carbono e eletrificação de processos para cumprir futuras metas de emissão e atender à demanda de clientes por produtos de menor pegada.
Agronegócio e Uso do Solo: Soluções baseadas na natureza ganharam destaque como forma de mitigar emissões e gerar co-benefícios. Os riscos de desmatamento e perda de biodiversidade foram citados entre os maiores no cenário global (Davos 2025: Impacts on the Voluntary Carbon Market ), mas programas como a Corrida para Belém mostram que há capital sendo direcionado para créditos florestais em grande escala. Para empresas do agronegócio, isso abre duas frentes: de um lado, a pressão para adotar produção sustentável (ex.: agricultura de baixo carbono, rastreabilidade de cadeias); de outro, a chance de monetizar ativos ambientais (mantendo florestas intactas, recuperando áreas degradadas e gerando créditos de carbono e biodiversidade). Como o Brasil destacou em sua participação no fórum, iniciativas como a Lei do Combustível do Futuro e o Plano ABC+ visam alavancar o potencial agrícola para liderar em bioenergia e práticas de baixo carbono, evitando a emissão de 1,1 bilhão de toneladas de CO₂eq até 2030 no setor (Mercado de crédito de carbono tem potencial de movimentar US$ 2 bi no Brasil na próxima década, diz Equus - Revista RPAnews).
Finanças e Investimentos: O setor financeiro, representado por grandes bancos e gestoras de ativos em Davos, enfatizou tanto os riscos quanto as oportunidades relacionados ao carbono. Um relatório do próprio WEF indicou que os impactos físicos da mudança do clima podem reduzir os lucros corporativos em até 7% ao ano até 2035 se não houver adaptação suficiente (Davos World Economic Forum 2025: Key climate takeaways - Sweep). Esse tipo de dado reforça a urgência de investimentos resilientes. Por outro lado, gestores destacaram o crescimento de fundos ESG e de green bonds, bem como o potencial da comercialização de créditos de carbono como classe de ativo. Espera-se maior participação de investidores institucionais no mercado de carbono voluntário e regulado, tanto para compensar emissões próprias como para diversificar portfólios. Com a possível evolução do mercado de carbono para um estágio de commodities (incluindo derivativos e contratos futuros de carbono) (Mercado de crédito de carbono tem potencial de movimentar US$ 2 bi no Brasil na próxima década, diz Equus - Revista RPAnews), empresas preparadas poderão se beneficiar de novas fontes de financiamento e hedge contra riscos climáticos.
Tecnologia e Inovação: O setor de tecnologia teve um duplo papel nas discussões. Por um lado, foi exaltado como ferramenta crucial para enfrentar a crise climática – por meio de IA, big data e IoT, é possível otimizar a gestão de emissões, prever eventos extremos e aumentar eficiências. Por outro lado, alertou-se que o próprio avanço tecnológico pode elevar as emissões se não for acompanhado de energia limpa. A corrida pela IA, com data centers cada vez maiores, é um exemplo: algumas empresas de tecnologia têm intensificado uso de energia fóssil para alimentar infraestruturas de cálculo (Davos 2025: Impacts on the Voluntary Carbon Market ). Em Davos, especialistas defenderam “guardrails” verdes para a tecnologia, garantindo que a revolução digital caminhe lado a lado com a descarbonização do setor elétrico. Para empresas de TI, isso significa tanto gerir sua pegada (usando energia renovável, aumentando eficiências de hardware) quanto desenvolver soluções escaláveis para outros setores reduzirem suas emissões.
Influências no preço do carbono e cenário futuro
Os insights compartilhados por lideranças globais em Davos tendem a influenciar diretamente a precificação do carbono e os investimentos sustentáveis nos próximos anos. A mensagem é clara: quem se antecipar à transição verde colherá os frutos. Governos indicaram que vão internalizar o custo das emissões de forma crescente – seja via mercados de carbono, impostos ou padrões mais rigorosos. A União Europeia já opera com preços de carbono elevados em seu ETS e implementa o CBAM; os EUA, embora sem um mercado federal, possuem estados com sistemas cap-and-trade e, no cenário pós-Davos, pode-se esperar novas iniciativas (mesmo diante de certa volatilidade política). Economias como a da China e Índia também foram mencionadas: a China já tem o maior mercado de carbono do mundo (setor elétrico) e discutiu em Davos a expansão para outros setores, enquanto a Índia aposta em metas de energia renovável agressivas que, na prática, criam um "preço implícito" para o carbono ao deslocar combustíveis fósseis.
Líderes também destacaram a importância de metas intermediárias de emissão. Em vez de mirar apenas 2050, muitas empresas e governos vão estabelecer metas para 2030 ou mesmo 2025, impulsionando ações imediatas (Davos World Economic Forum 2025: Key climate takeaways - Sweep) (Davos World Economic Forum 2025: Key climate takeaways - Sweep). Essa urgência adiciona pressão de curto prazo no mercado de créditos: espera-se que a procura por créditos de alta qualidade aumente substancialmente conforme empresas buscam cumprir metas anuais ou bienais. Com mais demanda que oferta, a tendência é de elevação do preço do carbono globalmente. Especialistas apontam que o preço do carbono precisa subir para acima de US$ 75-100 por tonelada nesta década para induzir mudanças tecnológicas profundas e atingir o net zero (Carbon needs to cost at least $100/tonne now to reach net zero by 2050: Reuters poll | Reuters). Esse patamar pode se tornar realidade à medida que mais países adotem mercados regulados e empresas incorporem o preço social do carbono em seus balanços.
Por fim, a mensagem de Davos 2025 foi de otimismo cauteloso: embora os desafios sejam enormes, as soluções – sejam tecnológicas, de mercado ou políticas – estão ao nosso alcance. CEOs salientaram que a sustentabilidade já está integrada em seus planos de negócio plurianuais, e que investimentos bilionários já estão em andamento em energias limpas, economia circular e créditos de carbono. Com colaboração entre setor público e privado, inovação e uma governança climática robusta, é possível manter o aquecimento sob controle e, ao mesmo tempo, gerar crescimento econômico sustentável.
As tendências vistas em Davos 2025 deixam claro que o mercado de carbono e a sustentabilidade estarão cada vez mais no centro das estratégias corporativas e políticas públicas. Empresas que atuam já no Brasil ou globalmente devem posicionar a sustentabilidade como vetor de inovação e vantagem competitiva. É hora de avaliar os compromissos climáticos assumidos, identificar oportunidades de investimento em energia limpa, eficiência e créditos de carbono, e preparar seus times para novas regulações. A Carbonova segue atenta a essas tendências globais para apoiar seus clientes: entre em contato conosco para entender como sua empresa pode se beneficiar deste novo panorama de economia verde e de precificação de carbono cada vez mais robusta. Juntos, podemos transformar metas climáticas em oportunidades reais de negócio.
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